quinta-feira, 23 de outubro de 2008
And so it goes slow as your mind...
Mas me sinto muito agradecida por todos aqueles que me ajudaram a chegar ate aqui...
Conheci o valor das amizades e senti muito quando deixei algumas pelo caminho.
Soube o que è amar sem esperanças de retorno, mas soube tambem como è encontrar colo em pessoas importantes pro meu crescer.
Eu vi o meu ciclo de vida se fechar, mas tive que aprender a ser paciente atè que fosse merecedora de alcançar o fim.
Fui entendendo o planejamento com resultados, mas sempre reclamando muito por nao conseguir enxergar muito bem aonde ia dar a minha estrada.
Entendi que pra ficar de pè eu deveria cair muitas vezes, mas acima de tudo eu enxerguei a queda como oportunidade pra amadurecer.
Ganhei mimos, broncas e safanoes, mas todos eles edificaram meu caràter e minha noçao de corrupçao e etica!
Nao dà pra citar nomes, nem fatos, sao muitas pessoas muitas fases, mas cada um que passar por aqui vai entender o peso que tiveram pra que eu me tornasse quem eu sou!
Todos voces todos mesmo, em algum momento se tornaram lagrimas e sorrisos na minha vida, gravaram na minha alma uma història maravilhosa que vai se construir sempre...
Eu quis sempre agrada-los e sei que agora mais que nunca, entendi que nao foi em vao, pois mesmo que nao nos encontremos eu passei por voces e voces passaram por mim...e ainda passarao varias vezes!
Obrigada a todos e obrigada por tudo!!!
Atè a volta, again and again and again!
I love you them all!
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Surpresa nem tao surpresa assim...
Acho muito triste me despedir de todos dessa maneira.... Nunca pensei que no meio de tantas pessoas que me chamam de amiga, nao soubessem o minimo do que é importante pra mim... Realmente a quantidade nunca vai medir a qualidade e com certeza da grande maioria de todos voces, o que eu pude tirar de lição é que vou estar bem melhor sozinha que mal acompanhada... Todo mundo sabe que eu já perdoei tudo de todos mas dessa vez nao quero perdoar mesmo! Estou indo e com toda certeza deixando tudo pra trás..exceto os que eu sei que mesmo poucos estão sempre do meu lado!
Como me disse minha amiga: o que é seu vai estar sempre com você onde quer que vá, e agora mais do que nunca eu sei o que é meu, e graças a quem me ajudou a ficar tao triste assim...
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Escutatória- Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória.
Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar.
Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória.
Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que 'não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma'.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: 'Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma'.
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação maisconstante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios.
Reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias estranhas).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.
Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais, são-me estranhos.
É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.
Primeira: 'Fiquei em silêncio só por delicadeza.
Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.
Falo como se você não tivesse falado'.
Segunda: 'Ouvi o que você falou, mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim.
Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou'.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo.
O longo silêncio quer dizer: 'Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou'.
E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora.
É preciso silêncio dentro.
Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.