terça-feira, 27 de outubro de 2009

Malazarte



Malazarte encontrou uma ruma de excremento ainda fresca, no meio da estrada. Parou curvou-se e cobriu com seu próprio chapéu, ficando de cócoras, segurando as abas, como se guardasse uma preciosidade. Passou um homem, a cavalo, e parou, perguntando:
- Que está guardando aí?
- O mais bonito passarinho do mundo! Custou mas segurei-o
- E o que vai fazer?
- Esperar que passe um conhecido para vendê-lo ou mandar comprar uma gaiola.
- Quanto quer pelo passarinho?
- Vinte mil-réis!
- Está fechado. Tome o dinheiro, monte neste cavalo e vá buscar uma gaiola, ali na vila.
Apeou-se, Malazarte meteu o dinheiro no bolso, cavalgou o animal, picou-o nas esporas e desapareceu para sempre.
O dono do passarinho esperou, esperou e, perdendo a paciência ou cutucado pela curiosidade, passou a mão para segurar a mais linda ave do mundo, ficando com ela suja e nauseante, furioso pelo logro e sem poder castigar o astucioso larápio.