domingo, 25 de julho de 2010

Meninice

Tenho me lembrado muito da minha infancia, e do quanto eu era tímida e brava, era cheia de personalidade, pra não dizer birrenta, mas era calada, brigava acima de tudo pelo meu espaço e, me lembro bem, que meu espaço era super preservado.
Gostava de brincar sozinha, não por egoísmo, mas por criatividade, inventava meus amores da vida toda desde que me entendo por gente, os entrevistava, cantava para eles, e se me lembro bem, eles cantavam para mim tambem.
Tudo isso era antes de começar a ler, mas ja brincava de escritório, com aqueles talões de depósito bancário, cheios de carbono e ditava todas as regras para meus amigos imaginários, cheia de responsabilidade, me lembro que eles riam para mim.
Quando me lembro das outras crianças, ja me lembro de chorar, nunca fui boa com as pessoas, não sabia entender o que elas queriam de mim, de certa forma elas sempre me geravam um desconforto e eu chorava, alto, muito alto.
Depois me lembro de começar a ler, nossa que mundo maravilhoso, quantas histórias lindas eu conheci, me emocionei, me orgulhava de ler, gostava de ler em voz alta para os adultos, mas somente para eles, lia com uma entonação, querendo que eles entendessem a lição daquele livro como eu entendia. Eram livros que ditaram regras de convivencia social para mim.
Um desses livros em especial tem povoado meus pensamentos todos os dias, No Reino Perdido do Beleléu, uma história que contava onde iam parar tudo aquilo que perdíamos, ia parar no Beleléu, até que um dia um menino egoísta e desleixado de tanto perder suas coisas, foi levado pela rainha Maria Pojunga para o Beleléu e ficaria lá para sempre, perdido do mundo a que pertencia, de tanto ser descuidado. Sua irmã, seu oposto, teve que ir até lá para salva-lo, com isso ele aprendeu muito e conseguiu voltar ao mundo.
Essa história mudou minha vida, literalmente, eu passei a cuidar mais ainda de tudo, para que eu nunca fosse para o beleléu e, cuidar também das pessoas, para que nosso sentimento não fosse parar lá.
Não me lembro de quebrar ou perder muitas coisas e quando isso acontecia, eu dizia sempre que foi para o beleléu, pensava na rainha e no seu escudeiro tomando conta, mesmo depois de grande pensava assim, engraçado não?
Hoje pensei que meu coração foi parar lá, ficou perdido , porque eu não cuidei dele direitinho, tratei ele de qualquer jeito, dei ele pra qualquer um, e esqueci jogado numa gaveta, pensei e temi a rainha, pensando que ela vai vir me buscar a qualquer momento, chorei alto, doído, como quando criança, , porque não gostava de gente e, agora elas me fizeram perder o coração.
Não quero ir pro Beleléu, quero meus amigos que só eu vejo de volta, quero cantar bem alto, entrevistar todos eles e me divertir, não quero ficar presa lá, quero minha doçura de volta, minha personalidade, meu zelo com as coisas, zelo que eu perdi há muito.
São coisas de criança, mas são minha vida.

La vie en rose


Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Quand il me prend dans ses bras

Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça m'fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat

Des nuits d'amour à plus finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis des chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir.

Calvin

"O mundo não é justo, eu sei, mas por que ele nunca é injusto a meu favor?"