sábado, 3 de abril de 2010

Em cima do muro



Hoje eu sonhei com a gravata florida e sorriso de estrelas.
Acordei feliz, não porque revivi em sonho uma lembrança passada, mas porque eu senti o quão grande é a minha capacidade de sonhar.
Acordei pensando em um dia que acordei e tinha uma orquídea linda no meu quarto, dada pelo Mr. Perfeito e, isso me fez lembrar o quanto fui amada, mas também na capacidade que tive de destruir isso.
Pensei naquele cara que eu mandei embora porque a sunga dele não combinava com meu estado de espírito e vi minha imaturidade.
Nesse momento lembrei da minha amiga me falando: "nossa! como é dificil ter um mapa assim: querer tanto o amor e não saber amar!"
Se todas essas pessoas tivessem passado em minha vida sem querer entrar em meu coração, talvez elas ainda estivessem por perto, pois todas elas me fazem falta, mas eu escolhi gastar o sentimento, como num video game onde não existe próxima fase e, foi então que me lembrei de como ao mesmo tempo consigo me dedicar tanto aos amigos.
Consigo me dedicar ao outro também, mas a cobrança em cima disso é tão grande, que as vezes se torna impossivel dar certo.
Ando sofrendo de insegurança crônica, enquanto na minha cabeça eu revivo meu passado, lembrando e sentindo coisas que mexeram comigo, me ligo na crueldade de cobrar algo que eu mesma faço em pensamento, eu penso e as vezes desejo reviver coisas que já se foram, hoje eu desejei com toda minha força todas essas pessoas, só pra te magoar, pra você enxergar o quanto dói e, então vi minha maldade enquanto entre um sonho e outro senti seu abraço.
Cada um precisa de algo pra viver com o outro, seja máscara, momento, intensidade, posse, admiração, carência, qualquer que seja o motivo, vai ter sempre o seu desejo te impedindo de estar integralmente querendo o outro.
Maldita comparação do mundo moderno que te faz querer unir em um, tudo aquilo que foi bom de cada um daqueles com quem conviveu e querer desprezar a parte ruim de todos eles e, ai então, foi que eu vi meu egoísmo.
Vai sempre sobrar, faltar alguma coisa, somos imperfeitos e o que falta cega pro que já se tem. O que eu quero nem sempre eu preciso.
Depois de tudo isso, pensei na liberdade, mas também pensei na minha capacidade de ser generosa, entendi a cobrança e enxerguei minha lealdade.
Quando acordei e te vi de novo, eu botei minha alma de lado, e tentei te magoar novamente, te dei meu corpo, matéria que o tempo leva, mas você não entendeu e, ai senti minha cabeça doer, porque vi sua indiferença matar a minha vingança.
Vi você indo embora, partindo com um sorriso de gozo e, eu chorando com a minha mesquinhez e, entendi que o mar de coisas está em mim, mas que só o tempo vai me ensinar a lidar com tudo isso...