terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Na folha de papel, ela desenha um sol


Até agora, paro e penso sempre que opinar é fácil, difícil mesmo é com cinco ou seis retas fazer um castelo. Toquinho podia ter deixado as ilusões pra Disney, mas deu um nó em muita gente quando fez uma música tão perfeita que começamos a desejar a liberdade da criação somada ao indizível da realização.
Eu desenho um sol amarelo, mas quando saio na rua, Goiânia me queima com 42 graus e, se não tiver levado o guarda sol, não há papel que dê jeito em fazer um. Ironias a parte, sentir a música e levá-la na realidade requer uma dose cavalar de determinação diária.
 Falo assim porque desde que me entendo por gente, sem CPF mesmo, mas habitando este mundo, ouço música e sonho com um amor do Vinícius de Moraes, (quem nunca), mas esse amor ai parece que fica sempre no papel, não porque não apareçam pessoas, também, mas não por isso, mais ainda pela minha incapacidade em sentir algo assim (assunto batido, mas que muda um pouco agora).
Fato é que hoje recebi um convite para escrever uma coluna sobre decoração para uma revista com uma pegada moderna e cheia de cor, como eu sempre quis. Então vi meu corpo remexer, revirar e sacudir tinha ritmo na excitação, era o amor. Amor em participar de algo que acredito, em me expressar e ser convidada, era por hora, ter um desejo reconhecido e realizado.
Talvez esse sentimento exista em vários níveis, mas esse de hoje eu não quero mais abrir mão. Como é incrível reconhecer em você algo que inspira e move. Tem sido um presente acordar ultimamente, é como se finalmente meu caminho estivesse buscando os meus pés e não o contrário.
Enfim, cheia de coragem e de gás, as etapas tem se apresentado de forma mais leve, aprendendo a deixar ir embora aquilo que não pode fazer parte das conquistas, conquistando sozinha, sonhando sim em dividir isso com alguém, mas ao mesmo tempo sentindo gratidão por dividir com quem quer estar aqui.

Terminando como comecei “nessa estrada não nos cabe conhecer e ver o que virá”, mas enquanto isso, sentir esse momento e enxergar na realidade os instantes em que ele de fato colore nossa vida, mesmo que depois perca a cor, me faz abraçar aquela música que ouvi quando criança e acreditar, finalmente, que talvez eu possa viver a canção que sonhei pra mim.