Eles se deitaram e tinha uma música no fundo, tudo que ele escolheu para a leoninice dela brotar e ser tudo perfeito.
Começou perguntando se aquela noite seria por amor ou por besteira e foi dizendo baixinho: "eu te amo gata!"
Quando ela olhou pra cima tinha a lua por trás iluminando seus olhos e tinha água descendo, era um mar a noite, eram dois corpos que esperaram muito pra viver aquele momento, era um quarto inundado de vontade.
Era assim que ele ia embora, o mar iria levar o amor que tinha data pra durar, mas ia mudar a vida de duas pessoas de uma forma que só ele sabia.
O dia nasceu, eles se amaram de novo, tomaram banho e se sentaram na sacada, totalmente despidos de tudo aquilo que levaram a vida inteira, despidos de roupa, de pudor, de culpa, pra viver tudo aquilo que decidiram merecer.
Lá em baixo existia um mundo passando e vivendo, mas ninguem se incomodou em olhar o amor acontecer lá em cima e eles se divertiam com tudo aquilo que se dispuseram viver, até aquela despedida.
Ele cantava no violão:
Eu sou aquele navio
no mar sem rumo e sem dono.
Tenho a miragem do porto
pra reconfortar meu sono,
e flutuar sobre as águas
da maré do abandono
Ê lá no mar
Eu vi uma maravilha.
Vi o rosto de uma ilha
Numa noite de luar
Êta luar
Lumiou meu navio,
Quem vai lá no mar bravio
Não sabe o que vai achar
E sou a ilha deserta
Onde ninguém quer chegar.
Lendo a rota das estrelas,
na imensidão do mar
chorando por um navio
Que passou sem lhe avistar.
Era tudo o que eles iam guardar por toda a vida...
A menina foi pro mar e buscou por ele durante muito tempo, ela saia a noite e via o oceano, chorava pra lua e, sabendo que esse amor se perdera na imensidão do azul, ela voltou para viver a realidade.
Não teve música até o dia que ela voltou a escutar esse som e, daquele dia em diante ela entendeu o que estava guardado para ela: um amor tao grande como aquele que ela quis viver por amor ou por besteira.