sexta-feira, 21 de junho de 2013

Em tempos de reflexão...


Me lembro há uns anos quando fui até o Paço Municipal levar um documento e subi no elevador com um cara que levava uma fatura pra protocolar, ele consertava cadeiras e, qual não foi minha surpresa em saber que uma reles cadeira com rodinhas custava mais de mil reais para ser reparada.
Anos depois trabalhando no mercado publicitário, novamente me assustei em ver o preço de uma campanha para o governo, em média sessenta por cento mais cara que uma campanha para o mercado privado.
Tudo isso me veio em mente quando uma pessoa que trabalha comigo tentava me convencer de não ir a manifestação e, hoje após o ato manifesto, veio me falar que foi uma micareta, não valeu a pena e não chegaremos a lugar nenhum com isto, a solução para ele concentra-se no voto.
Partindo da premissa de nossas diferenças, basicamente atendo-se ao assunto, não existiriam tantos partidos e tantas pessoas votando se não acreditassem em cada um deles, ou seja, como saber quem está certo ou errado quando o assunto é tão subjetivo?
Em outro viés, como esperar unidade em um protesto, onde basicamente concentram-se milhares de diferenças, baseadas apenas no cansaço da situação atual?
Respondo: Não há consenso, nossa corrupção é arraigada sobre cada pessoa, em maior ou menor grau, agências subsistem de campanhas superfaturadas, obras exorbitantes, cadeiras milionárias, pessoas que lucram com o dinheiro da população e que não se coçam pra mudar, ao contrário meu caro, aceitam e sorriem, com o saldo positivo de um projeto cheio de interesse.
Saindo rapidamente do cenário, olhando para o ser humano, dou um exemplo do almoço na empresa, hoje cozinhamos para doze pessoas, fritamos banana a rodo, para sobrar e comermos com açucar e canela, o resultado: cada um correu para garantir a maior parte, uns ficaram sem e aqueles que pegaram mais, não se mexeram para dividir, eu fui mais esperto, logo, tenho por direito a maior parte.
É visceral o interesse, o lucro, o ganha ganha no mercado, ou fora dele, o processo do "ao mais esperto a melhor parte" é nossa colonização, ou nossa educação, mas ele existe e coexistimos no sistema juntos disto.
Culpamos a política, por um comportamento social, mudar o Brasil, significa mudar o brasileiro, nosso cenário revolucionário é permeado de um pensamento basico de falta de auto crítica, adaptamos a ética ao nosso favor vinte e quatro horas por dia, respiramos o famoso jeitinho, culpamos os favores feitos e pedimos favores.
Acredito sim, que existem medidas imediatas para estancar a corrupção, mas defendo com garra que a tomada de consciência é a única maneira para superar de vez o processo corrosivo que experienciamos a todo momento.
Nosso cansaço extrapola a política, no entanto, pouco nos furtamos de provocar no outro, aquilo que nos incomoda em grande escala, que é o desrespeito, o egoísmo e a intolerância.
Esse chão verde e amarelo, tem vivido a era da misantropia, sem perceber que cada um tem feito sua parte como formigas, para que esse sentimento se enriqueça, a corrupção é em excesso, mas falta moral individual para que se possa olhar o outro de forma complacente e respeitosa.
Neste momento cautela é imperiosa, auto análise também, infelizmente não mudaremos uma nação, sem antes mudar primeiro os beneficiários dela.


sábado, 15 de junho de 2013

Mostra sua cara

As vezes acho nosso anti nacionalismo um tanto quanto exagerado.
Gostamos do Pais, não gostamos dos governentes, mas pouco fazemos para mudar as escolhas.
Depois de um tempo passamos a queimar la fora e aqui dentro nossa própria imagem. 
Qual o sentido portanto desse ciclo vicioso?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Um conceito

Outro dia vi uma foto de uma menina com síndrome de down, um negro e um gordo lado a lado no facebook e na legenda dizia: "Se você não tem preconceito, compartilhe."
Sempre tive um conceito talvez um pouco avesso dos demais em relação a isso, penso que quando falamos em preconceito é aquilo que não gostamos, mesmo sem conhecer a fundo, aquela velha história do "pré-conceito", algo meio burro em minha opinião, mas que existe desde que o mundo é mundo e não vai mudar.
O fato de não mudar, me leva novamente aquela opinião pessoal de que existem dois grupos, os que concordam e os que discordam, os que são contra neste caso, agem exatamente com preconceito do preconceito, me explico.
Se existem pessoas diferentes, aliás é só isso que existe, diferenças, elas estão ai para serem parcimoniosamente aceitas, portanto, se não existe preconceito em você, basta apenas olhar tal foto e não enxergar diferença alguma, simples assim, seria então apenas mais uma foto, como de uma flor bonita, um por do sol, um casal homossexual ou as sete maravilhas do mundo.
A necessidade do ser humano de se encaixar e se posicionar em relação a tudo é extremamente cansativa, o que os move, uma infinidade de razões que não cabem ser relacionadas, até porque desconheço cada passo que impulsiona o indivíduo, mas sei bem o que não leva a canto algum.
Uma foto como esta, poderia chocar os preconceituosos, mas aos livre deste mal, deveria ser um clique, nada mais, sem necessidade de explicação ou qualquer coisa que o valha, mas a tal humanidade, tem que meter um "bedelinho" em tudo.
A sensação que tenho ao ver milhões de compartilhamentos, é o quanto ainda estamos longe de virtudes, como diria Sêneca em Da Tranquilidade da alma: "Tal como medicamentos que, embora não sejam ingeridos ou tocados, agem pelo odor, assim também é a virtude, que difunde sua utilidade à distância e de modo oculto".
Sinceramente ainda não há como fugir de nós mesmos, quem já leu Kafka em o artista da fome, sabe bem o que estou falando, a diferença oprime, incita nossa sede por algo fora do padrão, quando na verdade, é tão somente apenas mais um que poderia facilmente enxergar com a mesma surpresa a sua pretensa normalidade.
Sempre que reflito em algo assim, revive em mim a esperança de que o ser humano entenda que a guerra se faz ai, quando um simples e sincero aperto de mãos resolveria tudo, bastaria apenas colocar o ego de lado e seguir, sempre com a máxima auto crítica, ele é negro, ou gordo ou um bebê com down e você pra ele pode ser feio, burro, arrogante, nem por isso ele postou sua foto pra alguém curtir e compartilhar.
Aceitar os fatos e contribuir de forma positiva para uma evolução, uma foto compartilhada sem um raciocínio não muda os fatos, apenas engrossa o caldo de um mar de gente que ainda pensa pequeno e não sai do lugar, estamos na era da informação e alguns ainda esperam a caça às bruxas, seja pra queimar os diferentes, ou pra queimar aqueles que não aceitam a diferença.
Convergência meus amigos, essa é a tendência, aceitem e estreitem os laços das relações humanas.