terça-feira, 10 de março de 2009

O AZAR - Baudelaire



Castigo assim tornar tão leve
Somente a Sísifo se cobra!
Por mais que mão se ponha à obra,
A Arte é longa e o Tempo é breve.

Longe dos túmulos famosos,
Num cemitério já sepulto,
Meu coração, tambor oculto,
Percute acordes dolorosos.

- Muito ouro ali jaz sonolento
em meio à treva e ao esquecimento,
esquivo à sonda e ao enxadão;

E muita flor exala o medo
Seu perfume como um segredo
Na mais profunda solidão.

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