terça-feira, 11 de março de 2014

Na estante

Se fosse um objeto, seria uma cômoda, com várias gavetas.
Meus sentimentos seriam as roupas, mas aquelas que ficam no fundo.
Um dia polainas coloridas foram bonitas, calcinhas furadas ou de renda, bustiê, camisas de algodao linho e seda também. No entanto, meus sentimentos estao sempre em desalinho com a moda.
Ja nao reclamo mais, vou vivendo ali, me mostrando. Quando querem uma calcinha, abrem a gaveta das meias, encontram tudo menos a calcinha, engraçado.
Fecham a gaveta, abrem a de camisolas, mas nunca a de calcinhas, quando finalmente se cansam, fecham a gaveta e saem sem calcinha, ou pegam a que aperta, quando queriam a larguinha de algodão.
Quando e a hora da faxina, sou a primeira que se desfazem, serviria na proxima estaçao, mas naquela e hora de doar pra caridade.
Fica ainda mais engraçado, quando voltam pra resgatar a moda, quando finalmente entendem a comoda como meu corpo e as roupas como meu sentimento.
Nessa hora ja nao sou mais moda, sou passaro, voei pra outros ninhos, voei e sou livre pra ser comoda, asa ou lantejoula.

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